Quer Conversar Sobre Representatividade? Ok, Então Vamos Conversar!

Antes de entrarmos definitivamente no assunto, gostaria de falar uma coisa: não estou te forçando a acreditar em mim, pois isto viola o Livre-arbítrio e liberdade de expressão que tanto acredito, porém, se eu te fizer pelo menos refletir sobre o tema, já valeu o esforço, só peço que leiam com a mente aberta!

Dito isto, agora sim, vamos lá!

De uns tempos para cá, principalmente por causa do crescimento dos movimentos sociais e da Esquerda, vem se falando muito em representatividade na cultura geek (ou cultura pop, popularmente conhecida como “cultura nerd”), bom, caso você não seja muito antenado no assunto, “representatividade” nada mais é do que você criar personagens negros, lgbt’s, femininos, estrangeiros (que nasceram fora dos Estados Unidos) ou até mesmo deficientes físicos, em suma: qualquer personagem que fuja do padrão “homem, branco, hétero e americano”, personagens criados para que as pessoas que fazem parte desses grupos minoritários possam se sentir representados nas histórias de ficção.

Eu não tenho nada contra a representatividade, desde que isso parta da livre e espontânea vontade do criador, e temos vários exemplos disso:

Pantera Negra

O Pantera Negra estreou nos quadrinhos em julho de 1966, e foi criado por Stan Lee quando este percebeu que até então, não existia nenhum herói negro na Nona Arte, e então ele decidiu criar o rei de Wakanda, com isso, T’Challa se tornou o primeiro super-herói africano dos quadrinhos.


X-Men

Os X-men foram criados também na década de 60 por Lee, e o objetivo de tais personagens era quebrar vários preconceitos da época, como o racismo e a xenofobia, e isso explica porque vários mutantes são de diferentes lugares do mundo: Wolverine é canadense, Noturno é da Alemanha, Tempestade é do Quênia, Magneto, além de ser alemão também é judeu, Colossus é russo, e, claro, não podemos deixar de fora os brasileiros Magma e Mancha Solar.


Mulher Maravilha

A Mulher Maravilha foi criada em 1941, e, um dos motivos pelo qual ela surgiu, foi para trazer mais público feminino para o mercado hq’s, inclusive, nas últimas quatro páginas das primeiras revistas que continham as aventuras da heroína, era mostrado histórias de mulheres reais que se destacaram em algum ramo e marcaram a história.


Estes exemplos, principalmente Pantera Negra e X-Men, são consequências de algo que é primordial para qualquer pensamento e linha de raciocínio que o ser humano possa ter: a relação direta entre o sujeito que observa e o sujeito que é observado, nós, como sujeitos observadores, precisamos primeiramente observar o que acontece ao nosso redor, para aí sim, poder analisar, raciocinar e chegar à conclusão de algo ou à criação de algo, neste caso, personagens de ficção.

E exemplos disso não param nesses três já mencionados, também temos Walter Simonson, responsável pela fase mais aclamada de Thor nos quadrinhos, e três fatos contribuíram para isso acontecer: o primeiro é que a Marvel lhe deu total liberdade criativa, podendo fazer o que quisesse com o deus nórdico do trovão; o segundo é que ele ficou responsável não só pelo roteiro, mas também pelos desenhos das revistas; e o terceiro é de que ele já gostava de mitologia nórdica antes de assumir o controle das aventuras do filho de Odin.


Outro que se encaixa nisso é ninguém mais, ninguém menos que J. R. R. Tolkien, escritor de livros como “O Hobbit” e “O Senhor dos Anéis”, sendo este último a sua obra-prima.


Tiveram alguns fatores para que Tolkien se tornasse escritor de Alta-Fantasia (ou fantasia medieval, ou só fantasia): primeiro era de que ele queria criar uma mitologia própria, uma mitologia para a Inglaterra, assim como os vikings, os gregos e os egípcios tinham a sua; o segundo e principal, era sua paixão por idiomas, tanto que fez dela sua profissão. Tolkien se tornou professor de filologia, a área do conhecimento que estuda de maneira aprofundada a origem dos idiomas, só que, ele não só estudava e ensinava, mas também criava línguas próprias, como por exemplo os dialetos élficos Quenya e Sindarin. E só à título de curiosidade: o livro “O Silmarillion”, que relata toda a origem e lendas da aurora dos tempos do universo criado por ele surgiu do fato de que Tolkien queria eventos que servissem de pano de fundo para os idiomas dos elfos, não à toa que ele tem uma frase qe diz: "quer que eu lhe conte uma história? Primeiro me dê um nome, depois lhe darei a história".

Tudo isso está dentro da relação “observador x observado”: os gostos do autor, as influências que ele recebe, a época em que ele vive a até mesmo experiências pessoais.

Esse é o tipo de representatividade feita do jeito certo, da qual eu sou totalmente favorável, o problema é a “forçassão” de barra, um personagem desses ser criado só porque movimentos sociais coletivistas e vitimistas encheram o saco, pois, na cabeça deles, se não tem personagem com características de minorias isso é reflexo de uma sociedade “machista, fascista, racista, homofóbica, cisgênero, héteronormativa, patriarcal, preconceituosa e opressora”, como se a origem de um personagem se resumisse a “vou criar um personagem branco, homem, hétero e americano e todo mundo ter que aceitar”.

Como vimos neste artigo, a criação de um personagem depende de uma série de variáveis: antes da representatividade vem a liberdade criativa, antes da liberdade criativa vem a liberdade de expressão, e antes da liberdade de expressão vem a relação “observador x observado”, e reconhecer isso não é ser preconceituoso, opressor e intolerante, essa é a simples realidade, são FATOS, e, como dizem: “contra fatos não há argumentos”.

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